Em busca de uma sociedade mais justa, trabalhadoras/es da educação defendem toda e qualquer iniciativa que proporcione acesso da população à cultura. Não é à toa que na Bienal este ano tem a presença do Sinteal, pensando a leitura como ponto alto do desenvolvimento da educação. Nesta breve entrevista a professora Edna Lopes, secretária de assuntos educacionais da entidade, destaca a importância dos livros e lamenta a triste situação das bibliotecas em Alagoas.
1 – Como o Sinteal vê a influência da leitura e de eventos como a bienal para a educação?
O Sinteal sempre se coloca na vanguarda dessas discussões de incentivo à leitura, às praticas cidadãs. A cultura é uma forma de resistência, uma alternativa para que a população tome conhecimento de que pode usufruir o que foi produzido. A bienal dá essa oportunidade, esse espaço de manifestação do que está sendo pensado e realizado pela humanidade.
2 – Como está a relação das escolas públicas com a leitura? O PNE 2011/2020 (Plano Nacional de Educação) tem algo nesse sentido?
As políticas de governo garantem acervo nas escolas públicas (tanto para professores/as quanto para a comunidade educativa em geral), elas induzem a prática de leitura, mas falta um acompanhamento, programas que motivem o hábito da leitura. Outra coisa simples que poderia ser feita, é a utilização dos laboratórios de informática para garantir o acesso da comunidade escolar ao imenso acervo digital que hoje já existe. É interessante que se criem condições de acesso ao livro e aos programas de leitura.
O novo PNE propõe estratégias de fortalecimento das ações de leitura. De combate ao analfabetismo absoluto e funcional, além da universalização dos ensinos fundamental e médio. Tudo isso influencia diretamente na formação de um público leitor, se as ações forem de fato executadas.
3 – A criação de programas de leitura tem transformado de forma significativa a situação da educação no país?
Creio que sim. Os projetos, quando fundamentados, trazem vigor para a escola. É o vigor da criatividade, das possibilidades, de crianças, jovens e adultos ampliarem sua visão de mundo. A diferença de uma escola que trabalha a formação do público leitor através desse programas é visível. É um ambiente mais estimulante, mais feliz.
4 – Como estão as bibliotecas públicas em Alagoas?
Uma coisa muito triste para quem é educador/a, é a ausência de bibliotecas. Eu sou de Quebrangulo, uma cidade do interior. Minha formação como leitora foi na escola e na biblioteca públicas, tanto a municipal de lá, quando a estadual, quando me mudei para a capital. A biblioteca estadual e a do CEPA eram grandes espaços, onde eu ia ler livros, pesquisar, e até mesmo ler os jornais do dia. Hoje estamos órfãos de bibliotecas, a biblioteca estadual (localizada na Praça da assembléia) está desativada, temos poucas opções até mesmo de livrarias.
Mas as coisas estão mudando, no ano passado foi aprovada a lei federal 12.244, que institui a criação de bibliotecas em todas as escolas. Esse incentivo é fundamental, e deve trazer mudanças radicais nas próximas gerações. A pequena estante, que quando criança eu tive acesso, agora pode ser bem mais ampla para meu filho e netos.
5 – Por que a participação do sindicato na Bienal, o que tem a ver?
Uma entidade de profissionais de educação tem interesse em incentivar eventos que transformam os hábitos da sociedade. A opressão da classe trabalhadora perde força quando esta adquire conhecimento. Além disso, sabemos que quando os formadores de opinião pensam a leitura eles estão pensando a qualidade da educação, e isso traz avanços para todos nós, que buscamos uma sociedade mais justa, onde todos tenham acesso aos bens culturais produzidos pela humanidade. Todo sindicalista, como cidadão, precisa fazer a leitura de mundo. Ele lê a palavra e lê o mundo, como disse Paulo Freire.
*Entrevista para o Jornal do Sinteal, edição extra exclusiva para a V Bienal Internacional do Livro de Alagoas(tiragem: 15 mil exemplares)
Este blog é um espaço de trocas de experiências, de mobilização e organização na luta pela educação infantil de qualidade para todas as crianças de 0 a 6 anos. Sua criação é produto do trabalho de alunos da escola de Serviço Social da UFF, integrantes do grupo de pesquisa coordenado pela prof. Deise Nunes e é partilhado pelo Colegiado do Fórum do Rio de Janeiro.
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